A primeira vez em que ouvi a voz de Gurumayi, ainda estava na barriga da minha mãe. Fui infinitamente abençoada por receber seu darshan divino, antes mesmo de nascer. Quando entrei neste mundo, ainda criança, ela me deu meu nome: Vanita, “amada”. Daquele momento em diante, fui cercada por sua graça e proteção. Quando criança, ao pensar em Gurumayi, meu coração se enchia de amor e admiração. Eu sentia admiração porque a tinha visto diante de mim em forma humana, mas também tinha experimentado seu amor de uma maneira divina.
A primeira vez em que experimentei de fato e comecei a compreender que Gurumayi era a encarnação da Consciência foi aos onze anos. Eu estava passando dois meses no Shree Muktananda Ashram, enquanto minha mãe oferecia seva, e aquele verão mudou minha vida. Foi quando comecei a experimentar a presença de Gurumayi em meditação, em forma de luz e serenidade, e a relacionar aquele ser físico vibrante, cuja energia era palpável e cuja risada reverberava pelo Shri Nilaya, com o darshan divino que eu recebia em meu interior.
Meu anseio interior por Deus foi despertado de forma natural. Reconheci que estava me tornando uma buscadora. Comecei a escrever frequentes cartas, cheias de perguntas, a Gurumayi: “Eu recebi shaktipat?” “Qual o verdadeiro significado de Consciência?” Tinha fome de conhecimento do Ser, e foi aí que senti dentro de mim, pela primeira vez, o profundo anseio por Deus.
A primeira lembrança clara que tenho de celebrar o Aniversário de Gurumayi na presença dela foi também naquele verão no Shree Muktananda Ashram. Eu me lembro da dança, do riso e de cantos alegres. Mas, acima de tudo, lembro-me do sorriso no rosto de Gurumayi, que irradiava alegria e enchia meu coração de felicidade. Compreendi então que coisa maravilhosa é celebrar o nascimento de um grande ser.
Por muitos anos, carreguei comigo aquela experiência e a recordei novamente no dia em que tive a mais poderosa experiência da shakti em minha vida. No dia 1º de janeiro de 2014, tive a bênção de estar presente em Shri Nilaya durante a transmissão ao vivo, via áudio, do satsang Uma Doce Surpresa de 2014. Durante todo o satsang, fui atingida repetidas vezes por algo como ondas vibrantes da sílaba divina AUM. Após o canto "Narayana, Narayana”, que foi extremamente poderoso, todos nós entramos em meditação. A shakti na sala era tão palpável que eu não conseguia manter os olhos abertos, e eles se fecharam ao som da tambura.
Tive então uma experiência diferente de qualquer outra. No passado, durante a meditação, mesmo quando entrava num estado mais profundo, uma parte de minha mente ainda era capaz de registrar onde eu estava e o que estava acontecendo na sala. Entretanto, dessa vez, eu não tinha absolutamente nenhuma consciência física da sala, do meu corpo ou de qualquer outra coisa tangível, até mesmo de que eu tinha um corpo. Eu me percebia como uma silhueta negra, quase como uma sombra. Tudo ao meu redor tinha um tom azul celeste profundo. Diante de mim, vi um retângulo de luz branca em meio ao azul e me senti flutuando em sua direção. Ao me elevar, perdi toda a identificação com o mundo de maya, o mundo da ilusão, e me foquei unicamente na luz branca. Bem fundo, dentro de mim, senti que meu Guru estava me esperando ali.
Quando finalmente saí da meditação, notei meus olhos úmidos. Durante a meditação, lágrimas haviam se formado, e, naquele momento, soube que eram lágrimas de alegria – eu havia experimentado o verdadeiro êxtase. Meu coração parecia que ia explodir de tanto amor. Aonde quer que eu fosse, pelo resto do dia, um sorriso de contentamento se estampava em meu rosto. Eu sentia amor por todas as pessoas que via e com quem falava. Em meu coração, o sol do amor do meu Guru brilhava intensamente.